sábado, 25 de abril de 2009

Torres Novas: Intervenção de Hélder Moita - representante da CDU nas comemorações oficiais do 25 Abril


Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal
Exmo Senhor Presidente da Assembleia Municipal
Meus Senhores e minhas Senhoras



Encontramo-nos mais um ano para comemorar a Revolução que em 25 de Abril de 1974 devolveu a dignidade aos portugueses.

Começamos por saudar, os capitães de Abril, que nessa madrugada abriram aos portugueses as portas da Liberdade.

Saudamos também todos os anti-fascistas que durante 48 anos resistiram ao fascismo e lutaram sem tréguas,para que Abril chegasse! Nesta sessão solene da Assembleia Municipal de Torres Novas saudamos de forma particular os resistentes antifascistas do nosso concelho que lutaram, combateram, sacrificando a sua vida pessoal, sacrificando as suas famílias e nalguns casos pagando com a sua vida.

Alguns destes homens e mulheres todos os anos assistem a esta cerimónia. No entanto, a lei da vida vai roubando alguns ao nosso convívio, mas fica-nos o seu exemplo de dedicação à causa pública a sua coragem e coerência, essas permanecem e ficam registadas para o nosso futuro colectivo!

Como diz a canção heróica:

“Nenhum de nós anda sozinho, até os mortos vão ao nosso lado!

Saudamos igualmente todos os jovens aqui presentes! Muitos deles nasceram depois de 1974 e já não viveram o tempo negro do fascismo. Mas a Revolução com todos os seus sonhos pertence-lhes de igual forma!

Passaram 35 anos sobre essa madrugada libertadora.

É um espaço curto na História – mas estes 35 anos são um património imenso e valioso. Um património construído de luta, resistência e de sonho por uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Um sonho feito de futuro.

Nos tempos que se seguiram à revolução de Abril (não é demais lembrar) os portugueses, conquistaram: o direito à livre organização sindical, o direito de manifestação e o direito à greve. O aumento generalizado dos salários e a institucionalização do salário mínimo nacional, a criação de milhares de postos de trabalho. O aumento e alargamento das pensões de reforma, a proibição dos despedimentos sem justa causa, o alargamento do tempo de férias e o seu subsídio. A criação do Serviço Nacional de Saúde geral e gratuito e alargamento e melhoria da Segurança Social. A criação do subsídio de desemprego. O desmantelamento do aparelho repressivo do fascismo. O fim do domínio da economia pelos monopólios e a promoção de uma dinamização económica ao serviço do povo. A democratização do acesso à terra nas regiões do latifúndio, combatendo o desemprego com o aproveitamento integral das terras incultas, aumentando a produção nacional, criando novas e originais formas de organização e de gestão do trabalho nos campos. A consagração, na lei, da igualdade entre homens e mulheres.

Estamos em 2009, olhamos para trás e verificamos que nestes últimos 33 anos muitas destas conquistas foram destruídas e outras encontram-se em fase de liquidação.
Só a resistência e luta de muitos milhares de portugueses evitou que mais se tivesse destruído. Um processo destrutivo com responsáveis: A política de direita dos sucessivos governos do PS, PSD e CDS!

Este processo de destruição de Abril, conduziu o País à crise actual. Vivemos uma crise internacional do capitalismo, mas que é também uma crise nacional com causas nacionais e origem em Portugal. Uma crise que é resultado da destruição do sistema produtivo nacional, das pescas, da agricultura e da indústria. Uma política de baixos salários e parcas reformas que tornou mais pobres a grande maioria dos portugueses! Uma política de mais de 30 anos que resultou num aumento da dependência nacional no plano económico e numa crescente fragilidade e dependência nos planos militar, diplomático, cultural e que coloca igualmente fortes preocupações com a independência e a soberania nacional.

A crise que vivemos hoje é uma crise séria e profunda. Uma crise que também passa por Torres Novas. Há quem não goste de ouvir dizer isto: Mas a crise também passa por Torres Novas! É impossível não ver os sinais!

Em Torres Novas há desemprego, empresas com salários em atraso e empresas cujo futuro é incerto. Há trabalho precário e muitos recibos verdes! Recorre-se a empresas de trabalho temporário que se descartam dos trabalhadores como se fossem peças! Há de novo medo de perder o emprego. São cada vez mais os torrejanos que não têm médico de família. Muitos reformados deixaram de comprar medicamentos. As pessoas estão mais inseguras. Aqui, no nosso concelho, há cada vez mais pobres e novos pobres – há de novo pobreza envergonhada!

Não nos calaremos! Estaremos na primeira linha do combate a esta política, quer nas manifestações do 1º de Maio organizado pela CGTP, quer na Marcha de Protesto Confiança e Luta a 23 de Maio organizado pela CDU.

Hoje, ao comemorarmos 35 anos de Abril é tempo de reafirmarmos a crescente e urgente necessidade de ruptura com o rumo e as políticas que conduziram o país e o povo a tão grave situação.

Nunca desistimos de lutar! Os portugueses podem confiar que é possível mudar. É com Abril e por Abril de novo, que seguiremos!

Há uma esperança que não fica à espera! Encontraremos de novo os caminhos de Abril: Caminhos feitos de democracia, liberdade, justiça social, do Estado ao serviço do povo e do desenvolvimento, da soberania e independência nacional!


É URGENTE ABRIL DE NOVO! VIVA O 25 DE ABRIL!